quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Fitas e afins

Chegou o dia. Malas arrumadas para o retorno. Foram 35 dias de muito trabalho, muita concentração e superação - física, inclusive. Na bagagem, 25 fitas que concretizam um trabalho de produção começado há 4 meses com discussões no nosso ambiente de trabalho, carinhosamente apelidado de "sala verde".
Os primeiros contatos com os entrevistados foram por e-mail: "Dear somebody; I work for TV Vanguarda which is producing a documentary on global warming..." Assim começavam as longas cartas que tentavam convencer as pessoas a nos receber nos exterior. E funcionaram: não houve desistência, ou sumiço daqueles que assumiram o compromisso de falar com a nossa equipe.

>> Um dos primeiros compromissos nos EUA: Fernando e Hellen se preparam para gravar passagem no meio do escritório da Global Footprint Network, em Oakland.


Emoção nunca faltou. Hoje, último dia de gravação na Europa, vivi o ápice da tensão. Não encontrava a fita 84 - por acaso uma das mais importantes. Tirei todas as fitas da mala, 2 vezes, e não achava a bendita. Entrei em desespero, senti um desamparo tão grande que pedi pela minha mãe. Foi então que a Hellen, muito calmamente, checou pela terceira vez a bagagem que dá abrigo às fitas. E a 84 foi encontrada, num cantinho escuro que meu olho aflito não conseguia enxergar. Ufa!!!!


>> Equipe depois de gravar a tarde toda na BMW, Frankfurt, Alemanha. Quem tirou a foto foi o motorista do carro a hidrogênio, o Claus.


Depois de um dia de trabalho, sempre refletimos o que foi dito pelo nosso entrevistado. Alguns deles se mostram muito otimistas sobre a reversão das causas que provocam as mudanças climáticas que estamos enfrentando. Eles acreditam que seremos salvos pela tecnologia. Mas para qualquer reação, é preciso que o homem fique mais consciente e mude alguns comportamentos. Ouvi do cientista Chris Rapley uma frase marcante: "Há muitas coisas que são finitas na Terra. Uma coisa parace ser infinita é a genial capacidade dos seres humanos de resolver problemas. Então temos que permanecer esperançosos".

>> Chris Rapley é diretor do Museu de Ciência de Londres. Vale a pena ouvir tudo o que ele tem a dizer!




segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Trabalho de Domingo

"ENTRA NO TREMMM". Implorei, aos gritos. Eu, dentro do vagão, acompanhada de 4 malas. Hellen e Fernando, correndo na plataforma, carregando o case com os equipamentos. Faltavam 30 segundos para 8h02, horário da partida. Dois funcionários da empresa ferroviária assistiam à cena, imóveis. Já estava pensando o que faria se partisse sem um dos meus 2 companheiros.
E foi no último segundo que eles colocaram os pés e a mala para dentro. Ouvimos o apito e o trem partir, com destino a Genebra.
Recuperado o fôlego, nos preparamos para acompanhar o discurso do secretário-geral das Organizações Unidas e do presidente do IPCC. O evento aconteceu num prédio lindíssimo, às margens do lago Genebra, no fim da tarde de domingo.
Carregávamos a dúvida: eles falariam ou não conosco> Afinal, a imprensa do mundo inteiro estava presente.
Durante a coletiva, conseguimos emplacar duas perguntas: uma lançou a questão e passou o microfone para a outra. Ótimo!


>> Ban Ki-moon responde à nossa pergunta durante a coletiva.


E a assessora de imprensa do IPCC, que ficou tão comovida com meus e-mails ao longo de 3 meses, resolveu nos ajudar. Ela trouxe Rajendara Pachauri para uma exclusiva. E conseguimos o que queríamos. >> Rajendra Pachauri, presidente do IPCC. Declarações bombásticas!!!


O almoço só veio às 19h30. Foi um domingo e tanto!

Na segunda veio a folga! Pegamos três bicicletas de graça para dar um passeio pela cidade e conhecer a sede das Nações Unidas. Adivinha quem encontramos> A assessora do IPCC! Sabia nossos nomes e sobrenomes de cor! E fez qiestão de nos apresentar à assistente que a acompanhava dizendo que aquela era uma equipe de TV do Brasil. Ela se divertiu com a situação, achou engraçado estarmos com nossas câmeras fotográficas - e não a filmadora - em cima de uma bike. Eu disse: "Tivemos tanto sucesso ontem que hoje o dia é de descanso". E me despedi pensando que nada acontece por acaso.

>> Uma foto "bração", estilo batizado por nós e muito empregado pela equipe.

Freiburg ist eine shone stadt!

Esperava muito de Freiburg: foi incluída no nosso roteiro por fazer uso extensivo de energias renováveis. E a expectativa foi atendida "com louvor". Os moradores daqui são famosos por seu engajamento - muitos, aliás, escolheram viver em Freiburg por essa fama ecológica que a cidade carrega.
Gravamos todos os dias, de manhã, à tarde e à noite, de quinta a sábado. O sol brilhou para nós todos os dias, e só ia embora pertinho da 21h00. >> Fernando não podia ver uma escada que já queria subir. Aqui, estávamos no telhado do estádio, onde há painéis solares instalados.


Freiburg é chamada a cidade do sol. Além dos milhares de painéis espalhados na paisagem, uma outra visão marca a região: a floresta negra. Linda, intacta, como um paredão verde que cerca a cidade. Estivemos lá para garantir as nossas imagens. Não chegou a ser um desbravamento, mas vivi alguns momentos de adrelina quando entrei na mata para pegar umas plantinhas cosmetíveis que a nossa guia amava. De lembrança, fiquei com a perna toda arranhada.

>> Hellen, Ludmila (nossa guia em Freiburg), e eu, antes da aventura na floresta.

Completei 28 anos de vida em Freiburg. Pensei na vida, em mais um ciclo que se completa, e fico feliz com todas as surpresas que tenho encontrado. Participar de um grande projeto na produção de um documentário foi o maior presente.

>> O brinde do dia 28 de agosto.